História de grandes nomes contada em azulejos

Antônio Assis
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Marcílio Albuquerque
Folha-PE

Contar a história de grandes nomes que ajudaram a construir Pernambuco, tornando-os mais próximos da população. Esta é a ideia do projeto “História na Parede”, que vem ganhando as ruas do Recife e agora busca apoio para se expandir por outros pontos do Estado.

São painéis em azulejo, que informam a origem e trazem curiosidades sobre a formação de ruas, praças e avenidas. Até então, cerca de 20 placas já foram afixadas, distribuindo cultura em vários endereços. Quem encabeça a proposta são pesquisadores do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP).

“Estamos criando uma espécie de porta para o passado, proporcionando às pessoas conhecerem detalhes das vias onde moram, trabalham ou costumam transitar. São memorias que acabam se perdendo no tempo e nos propomos agora de forma simples a resgatar.”, explica Silvio Amorim, um dos diretores do instituto.

Segundo ele, em cidades como Lisboa, em Portugal, os informes já são comuns e despertam o interesse de moradores e turistas. “Trata-se também de uma forma de homenagear esses patronos e incentivar o estudo e a pesquisa”, reforçou. Na fachada do IAHGP, na rua do Hospício, no Centro, a inscrição narra o ano 1735, quando o termo se referia não a um hospital psiquiátrico, mas uma hospedaria para religiosos, nas proximidades do rio Capibaribe.

Na rua do Imperador Pedro II, no bairro de Santo Antônio, a inscrição está logo na esquina, e embeleza a fachada de um dos casarões que hoje passam por revitalização. A placa conta dos 49 anos de gestão do ultimo soberano do Brasil. Com fama de sábio e dono de muitos amores, interviu no cenário político do País.

O advogado Aluísio Xavier, de 67 anos, foi o incentivador do painel e se mostra satisfeito com o investimento. “Trabalhei por muitos anos nesta rua e nela aprimorei a minha formação. É uma ligação forte, que se estende aos meus familiares. É um lugar cheio de lembranças e todos devem conhecer melhor”, disse. Bem próximo, na rua Marquês do Recife, a informação é sobre Francisco Barreto, grande proprietário de terras. A praça da Torre, na Zona Oeste, também está na seleta lista.

Passando para o bairro dos Aflitos, o painel está na movimentada avenida Rosa e Silva, contando a história do conselheiro que tinha o nome iniciado como Francisco de Assis. Ele foi deputado, senador e também alcançou a cadeira de vice-presidente da República. Nas Graças, na altura da antiga fundição Capunga, é o abolicionista Joaquim Nabuco quem tem a narrativa contada. A alguns metros, a rua Gervásio Fioravanti ainda é pouco conhecida do público. O nome referencia o primeiro promotor público do Recife e fundador da Academia Pernambucana de Letras.

O cenário se repete no popular Beco da Facada, em Casa Amarela, hoje intitulada como rua Guimarães Peixoto. O médico da Corte Imperial recebeu o título de nobreza. O pesquisador e urbanista José Luiz da Mota Menezes reforça a importância do projeto. “Estar mais perto das nossas raízes é um impulso ao conhecimento. O Recife tem 479 anos de existência e parte de sua história ainda precisa ser descortinada”, disse.

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