Joquinha Gonzaga diz que nem em Exu o forró tem mais vez

Antônio Assis
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Joquinha Gonzaga, sobrinho do Rei do Baião
foto: divulgação

JC Online

O forrozeiro Joquinha Gonzaga confessa estar com a cabeça confusa. No ano passado ele fez 12 apresentações no período junino. Este ano tem um único show, hoje, na praça de Campo Grande, na progamação da Prefeitura do Recife. João Januário Maciel, neto do sanfoneiro Januário, e sobrinho de Luiz Gonzaga (é filho de Raimunda Januária, ou Muniz, irmã do Rei do Baião), é o único parente próximo de Gonzagão que ainda mora no Exu.

Mais do que sobrinho, Joquinha tocou com o tio durante 40 anos, mas em 2016 não toca nem em Exu, a terra natal do forró. "Aqui não tem programação nenhuma. O que teve na praça da cidade foi coisa estudantil, o pessoal da escola dançou quadrilha, fez uns movimentos. Fui na Secretaria de Cultura pra tentar alguma coisa, disseram que não há verba. Então aqui, onde foi criado o São João de Luiz Gonzaga, a gente não tem oportunidade de tocar", comenta o forrozeiro em entrevista por telefone.

Pelo visto, o sobrenome que carrega não ajuda a abrir portas. Joquinha Gonzaga diz que fez uma peregrinação por várias cidades tentando ser contratado. Foi a Caruaru, Campina Grande e Petrolina ­ entre outras ­, e a desculpa sempre foi a mesma: ninguém tem dinheiro. "O pior é que eles pagam um absurdo a estes sertanejos da Globo e pra gente não tem dinheiro. O meu cachê é de R$ 15 a 25 mil, dependendo do lugar onde for. Porque a gente paga hospedagem, alimentação da banda e isso varia a cada lugar". O sanfoneiro viajou o Sertão inteiro com Luiz Gonzaga. Era roadie, motorista e músico.

"Toquei sanfona com ele. No começo, ainda pequeno, era o triângulo, pra ganhar um cachezinho. No meio do show, tio Gonzaga me botava pra tocar umas duas músicas. Brincava dizendo pra pagar porque o pessoal estava gostando muito de mim e eu iria atrapalhar o show dele. Tio Gonzaga fortaleceu o São João, e hoje a gente está perdendo tudo isso. Ele foi embora, Dominguinhos foi embora, e agora é o que eles querem.", lamenta o sobrinho de Lua.

A época em que Joquinha Gonzaga fez mais shows no São João foi quando vajava com o grupo de Luiz Gonzaga. Entre 20 a 30 apresentações por temporada junina. "Naquele tempo a gente tocava em lugares fechados em Caruaru, Campina Grande, Santa Cruz do Capibaribe, tudo espaço fechado. A gente vai ter que voltar este tempo para ter oportunidade de ver voltar o forró. Se na terra de Luiz Gonzaga o forró não está funcionando, que dirá no resto", queixa­se o herdeiro de Lua."No interior do Nordeste não se valoriza o forró autêntico. Contratam bregas, gente de fora. A nossa cidade vai fazer uma festa em setembro, aniversário do Exu. Já tem um tititi aqui que vão trazer Aviões do Forró e Leonardo, mas para o São João não tem dinheiro", ironiza Joquinha.

Antes do aniversário, Exu presta homenagem a Luiz Gonzaga, em mais um aniversário de sua morte (faleceu em 2 de agosto de 1989). Joquinha Gonzaga diz que até agora não há patrocínio para o evento e as autoridades lembram que falta dinheiro ao Estado: "A festa de Gonzagão está morrendo. Tem a de agosto e a dezembro, que é a principal, a do nascimento. Pra se ter bem uma ideia, para a festa de dezembro do ano passado, o governo deu R$ 120 mil pela Empetur, que até agora não pagou. Estamos devendo aos músicosaté agora. Com o cachê de um Safadão daria para fazer duas festas de Gonzagão no Exu", conclui Joquinha Gonzaga.

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