Folha-PE
Os assaltos a ônibus no Grande Recife, que ultrapassam mil casos neste ano, segundo o Sindicato dos Rodoviários, seguem amedrontando a população. Mas nem todos tiveram os contornos dramáticos vividos por passageiros na noite da última quinta-feira, em Olinda. De acordo com testemunhas, cinco homens entraram armados com facas e um revólver num coletivo da linha TI Xambá (Cabugá) e não se intimidaram com o fato de o veículo estar quase cheio, com mais de 30 pessoas a bordo. O caso é investigado pela Delegacia do Varadouro. Ninguém foi preso.
O caso ocorreu perto do Complexo de Salgadinho, área que, no horário, fica deserta e onde o ônibus tem pouca necessidade de parar. Um dos suspeitos apontou uma arma para a cabeça do motorista enquanto os demais pulavam a catraca e promoviam um verdadeiro arrastão. Carteiras, dinheiro, relógios e celulares foram roubados dos passageiros sob a ameaça de facas.
O pânico foi tão grande que algumas usuárias desmaiaram. A preocupação era que a violência tivesse um desfecho pior, já que os envolvidos estavam nervosos, segundo as testemunhas. Após o desembarque dos criminosos, o veículo seguiu para a delegacia, onde as vítimas registraram as primeiras informações sobre o ocorrido.
Os números da Secretaria de Defesa Social (SDS) são diferentes dos contabilizados pelos rodoviários e indicam 600 casos registrados de janeiro a julho. Desde o início do mês, a Polícia Civil vem realizando a Operação Viagem Segura. A força-tarefa investiga assaltos a ônibus com o intuito de desarticular grupos envolvidos, em paralelo ao trabalho realizado por delegacias locais.
Apesar de prisões já terem sido feitas, os crimes persistem. Na mesma noite do caso de Salgadinho, outro ônibus foi assaltado em Rio Doce, também em Olinda. O veículo só tinha uma passageira. O delito foi praticado por um homem com uma pistola em punho. Ele está foragido.
Corredores como a BR-101 e a avenida Sul costumam ser cenários de assaltos a ônibus. Perto da área de Salgadinho, a PE-15 figura entre os dez locais onde mais houve investidas no primeiro semestre. “Nos baseamos em pontos críticos para desenvolver as ações”, afirma o delegado Joel Venâncio, que coordena a força-tarefa da Polícia Civil. Ele garante que, aos poucos, os responsáveis serão identificados. “Na próxima segunda-feira, por exemplo, apresentaremos as prisões de quatro pessoas. Prisões têm acontecido e tem muita coisa engatilhada”, assegura.