Vices: Muito mais que figuras decorativas

Antônio Assis
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Blog da Folha

No Brasil, vice nunca foi uma figura decorativa. Desde a redemocratização, em 1985, nada menos do que três vice-presidentes foram efetivados e terminaram o mandato, incluindo o atual Michel Temer (PMDB). Dai a importância de conhecer bem não só o cabeça, mas também o companheiro de chapa.

Em Olinda, os vices dos dois candidatos em disputa no segundo turno apresentam perfis distintos, que os distinguem na corrida pelo voto.

Professora em escolas de Olinda há 22 anos e instrutora de formação profissional, Severina Conceição da Silva, ou simplesmente Ceça Silva, 45 anos, é a companheira de chapa de primeiro colocado na etapa inicial da disputa, Antônio Campos.

Mãe de dois filhos e esposa do vereador reeleito Algério, ela lembra que sempre abraçou as causas sociais. Uma prova disso é centro de assistência social que administra, o “Nossa Voz”, que promove cidadania no Bairro de Peixinhos desde o ano de 2000. Na instituição são atendidas crianças e idosos, promovendo cidadania, desenvolvimento humano e inclusão social.

Na política desde 2004, quando o seu marido disputou uma vaga na Câmara, Ceça Silva entrou no PSB em 2010, tendo ingressado em março passado no PHS, a convite do presidente estadual da sigla, Pastor Eurico. Desde aquela época, coordenou todas as campanhas do marido.

Sobre a cidade, tem uma visão crítica em relação às últimas gestões do PCdoB. “Infelizmente encontra-se hoje escura e abandonada. Mas em tempo de crise precisamos ter esperança e acreditar na mudança de verdade, tendo em mãos o poder de escolher um gestor capaz, com condições de gerenciar com um choque de gestão”, afirmou, se referindo ao companheiro de chapa, Antônio Campos.

Numa cidade em que as mulheres sempre tiveram protagonismo – dos últimos três prefeitos dois foram mulheres –, Ceça Silva é o toque feminino no segundo turno da disputa de Olinda. E promete trabalhar pela causa.

“A representação feminina é essencial na política. A escolha do meu nome veio através de uma pesquisa em que o povo indicou que para compor essa chapa vitoriosa deveria haver uma mulher de família e de fé, sensível às causas sociais e que com um serviço de relevância nas comunidades olindenses”, pontua a candidata, que, se eleita, terá também uma visão particular em relação às crianças.

“Como mulher, quero cuidar da saúde, ter um olhar especial sobre a primeira infância. Acompanho de perto o sofrimento das mães que não tem onde deixar seus filhos para ir trabalhar. Sendo assim, iremos requalificar as creches e dar o apoio necessário para as atuais organizações que trabalham no cuidado dessas crianças”. 

No debate que tem permeado a campanha de Olinda sobre a origem dos candidatos, Ceça pode dizer que é olindense de nascimento e de vida, tendo a sua trajetória ligada a Peixinhos. E isso é destacado pelo seu companheiro de chapa, Antônio Campos.

“A presença de Ceça Silva na vice é a presença da mulher. A mulher que é a maioria em Olinda. Que merece ser mais valorizada. Irei criar uma Secretaria Especial da Mulher. É também o reconhecimento ao ativismo social. Ela que tem uma entidade importante, que cuida da família, de jovens, de idosos. É também o reconhecimento à comunidade cristã, em Olinda. Mulher nascida em Peixinhos, que será presença firme e de trabalho na gestão de Antônio Campos. Ceça Silva não será uma figura decorativa”, afirmou o candidato.

Assim como a adversária, o vice na chapa do professor Lupércio, Márcio Botelho, é natural de Olinda e deseja ter uma participação ativa na gestão, caso a sua chapa saia vencedora. As semelhanças não vão muito além disso.

Em seu quarto partido na militância política, Márcio Botelho é companheiro na chapa puro-sangue. Lembra que disputou um mandato de vereador, sem sucesso, em 2004 pelo PTB. Depois passou pelo PDT, chegou a ser filiado ao PSB e, agora está no Solidariedade.

“Sempre atuei direta e indiretamente na política, porque via ali um instrumento para beneficiar o povo. Apesar das mazelas que a gente encontra aí na política atual. Um instrumento para beneficiar o povo”, discursa.

Se Ceça há anos tem trabalho social em Peixinho, Botelho trilha outro caminho. É advogado na área criminal e previdenciária. Com escritório no JCPM Trade Center, em Boa Viagem, teve destaque como defensor de Pablo e Fernando Tonelli, marido e sogro da alemã Jennifer Kloker, que foi morta aos 22 anos, a tiros em fevereiro de 2010, em São Lourenço da Mata. Neste caso, ele não teve sucesso, os dois foram condenados a 25 anos de prisão.

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