Complicado explicar para o cidadão

Antônio Assis
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Márcio Didier 
Blog da Folha 

A decisão do pleno do Supremo Tribunal Federal de manter no cargo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mesmo após ele ter se tornado réu em um dos 11 processos a que respondia, pode até colocar panos mornos no confronto aberto já há algum tempo entre Legislativo e Judiciário. Mas fica complicado explicar ao cidadão comum como um presidente de um poder, alvo de tantas acusações tenha o direito de permanecer no cargo.

E a lista de fatos que batem contra os argumentos dos ministros do STF ainda tem outros itens. Na segunda (5) e na terça (6), o próprio Renan Calheiros se recusou a assinar a notificação por meio da qual tomava ciência da liminar do ministro Marco Aurélio de Mello de que teria que deixar o comando do Senado.

Mas não parou por aí. A Mesa Diretora da Casa Alta peitou a decisão do ministro e afirmou que não a acataria, esticando a corda puída da relação entre os dois Poderes.

Todos acreditavam que a movimentação dos senadores forçaria o STF a decretar o afastamento imediato do peemedebista. No entanto, durante todo o dia, as especulações caminhavam em sentido contrário.

Por seis votos a favor de Renan e três contrários à manutenção no cargo, o peemedebista ganhou o direito de permanecer na presidência do Senado.

Quer seja para amenizar o confronto entre os Poderes, que seja por outros motivos, a verdade é que o resultado provocou revolta no cidadão comum. Naquele que paga altos impostos e não os vê convertidos em benefícios para a população. Naquele que cumpre as regras, tem a ficha limpa e nunca se meteu em malfeitos. Naquele que está cansado de ver o dinheiro público escorrendo nos ralos da corrupção.

Fica complicado pedir a esses cidadãos que acreditem nas instituições, que elas estão funcionando plenamente e bem. Mais fácil é dizer o Planalto Central é um mundo paralelo, e os que vivem nele estão em outra dimensão, que não a realidade.

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