Câmara, a violência e 2018 - Magno Martins

Antônio Assis
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Decididamente, o maior nó do governador Paulo Câmara (PSB) é a segurança pública. Recentemente, mudou o comando da Secretaria de Defesa, importando um carioca de sotaque arrastado, que ainda não disse a que veio. Os índices de homicídios continuam astronômicos, os assaltos a ônibus no Grande Recife cresceram 14% e no Interior o terror se espalha com as quadrilhas de arrombamento a bancos.

Os presídios, sob a batuta de Pedro Eurico, são um barril de pólvora. De tão inseguros, levaram Pernambuco a figurar entre os quatro Estados ameaçados de uma intervenção federal, segundo ranking divulgado pelo Ministério da Justiça. Eurico é um advogado competente, forjado na defesa de presos políticos, ganhou a amizade de Dom Hélder, foi deputado estadual e ocupou vários cargos.

Mas já deu o que tinha de dar. Dos políticos pernambucanos em fim de carreira, Roberto Magalhães (DEM) foi o mais sábio: soube dar adeus à vida pública na hora certa, no momento oportuno. O tempo passa, o mundo se renova. O Estado tem que se renovar e Paulo Câmara, embora produto da renovação, não está sabendo renovar seus quadros.

Parece ser um bom gestor na área fiscal, tanto que o Estado tem pagado seus servidores em dia. Mas um Governo é muito mais do que um mero ajuste financeiro. É o social, a implantação de políticas públicas de segurança que possam dar a garantia ao cidadão de que ele está protegido.

Não é esta, infelizmente, a sensação que o pernambucano tem do seu governador. Extraindo os exageros do tom natural de oposição, o senador Armando Monteiro (PTB) tem dito que existe governo, mas o Estado não tem governador, ou seja, está desgovernado. A constatação irrita Câmara e sua equipe quando deveria servir de advertência para correção dos rumos, enquanto há tempo.

O tempo é por si só um grande complicador, fator de preocupação extrema para o governador. Dois anos já se passaram sem que ele tenha sequer uma marca da sua gestão. Nem slogan tem, como qualquer outro governo. A impressão que passa para os que entendem um pouco de máquina pública é a de que os erros e falhas, sobretudo na segurança, são consequências de improvisos, arranjos muito mal feitos.

Se 2017 for atropelado por esses arranjos precários, não levando Câmara a enfrentar com arrojo e determinação a bandidagem que campeia e intranquiliza a população, ele, certamente, terá enormes dificuldades para planejar um projeto de reeleição. A oposição, mesmo fragilizada, tende a ganhar musculatura, seja com Armando ou outro nome produto de um grande entendimento do novo bloco oposicionista que se costura atraindo forças não mais reféns nem tampouco caudatárias do PSB.

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