Comunidades atingidas debatem impactos da transposição do São Francisco

Antônio Assis
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Diário de Pernambuco

Representantes de diversas comunidades atingidas pelos canais do projeto de transposição do rio São Francisco cinco estados nordestinos reúnem-se hoje e amanhã no Recife, no auditório da Fiocruz Pernambuco. Mulheres, quilombolas, indígenas e pequenos agricultores, além de pesquisadores em saúde e membros da comunidade acadêmica, irão discutir formas de enfrentamento da nova realidade a partir da obra.

O evento faz parte de uma pesquisa ecossistêmica desenvolvida desde 2012 junto às populações vulnerabilizadas nos territórios de abrangência do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O estudo é coordenado pelo pesquisador André Monteiro, do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz PE. “Investigamos desde alterações nas condições de vida, de habitação, na dimensão cultural, na gestão da água, assim como, obviamente, nos aspectos da saúde desses grupos vulneráveis. O que encontramos foi uma série de problemas”, explicou Monteiro.

O seminário Rio São Francisco: margens em tensão – transposição, (in)justiças e territorialidades, é aberto ao público mas requer inscrição prévia através do email:transposicao@cpqam.fiocruz.br . No evento serão discutidos alguns dos seguintes aspectos: modelo de projetos para o semiárido, como o combate a seca; a convivência nesse ecossistema e os interesses e conflitos no acesso à água. No campo epistemiológico será debatida a construção compartilhada de conhecimentos para uma ciência emancipatória e a efetivação de diálogos entre saberes; além do lançamento do Portal Beiras d´Água e do documentário Invisíveis.

O filme concebido e dirigido pelo coordenador da pesquisa, dá vozes a grupos afetados pela transposição do rio. Nele, as pessoas narram suas perdas materiais, simbólicas, os agravos à saúde e as suas compreensões sobre o processo de vulnerabilização ao qual foram expostas. Os depoimentos foram colhidos entre moradores de oito municípios de Pernambuco e em Monteiro, na Paraíba. Esta será a primeira exibição do filme, que servirá de documento da pesquisa, além de favorecer o debate junto à sociedade civil sobre as consequências de intervenções como essa.

Já o Portal Beiras d´Água, que também será lançado na ocasião, abrigará um acervo sobre o tema do seminário, com atualização permanente, composto por vídeos, fotografias, textos e áudios, cujas principais fontes são comunidades, movimentos sociais, academia e acervos institucionais. No segundo dia de evento, 29 de março, será realizada uma oficina dirigida aos grupos atingidos pela transposição. A atividade será fechada ao público externo. Inscrições pelo e-mail : transposicao@cpqam.fiocruz.br

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