O que explica o fracasso das manifestações - Ricardo Noblat

Antônio Assis
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 Manifestação na orla de Copacabana, Rio de Janeiro, 26/03/2016 (Foto: Guilherme Pinto / O Globo)

Pelo semblante das ruas, o fracasso das manifestações de ontem se deveu...

(Há muito tempo que quis me valer desse recurso. No final dos anos 60, um repórter da editoria de Polícia do Jornal do Commercio, no Recife, foi cobrir um incêndio. Como o chefe dos bombeiros nada quis falar, ele não teve dúvida e escreveu: “Pelo semblante do chefe dos bombeiros foi possível concluir que...”)

Pelo semblante da Avenida Paulista, o termômetro de fato de manifestações como a de ontem, faltou a multidão aguardada pelos organizadores do protesto. No Rio de Janeiro deu sol e praia, motivo mais do que justo para que apenas 300 gatos pingados tenham marchado por Copacabana. Deu sol no Farol da Barra, em Salvador, faltou manifestante. Em Brasília, idem.

Por que o povo preferiu ficar em casa ou ir à praia? Não sei. Não o entrevistei. Mas a depender do semblante dos analistas políticos que escreverem a respeito haverá explicações para todos os gostos. À esquerda, explicações do tipo: amplos setores da classe média desiludiram-se com o golpe que apoiaram e entenderam o sentido retrógrado do governo Temer.

À direita: o povo percebe sinais de melhoras na economia, mas não só, e preferiu manter-se à margem de manifestações cujo sentido não lhe pareceu claro. Ao centro: manifestações contra ou a favor de muitas coisas mais confundem do que esclarecem, e por isso não atraem. De resto, elas tinham um jeitão de chapa branca.

Faça sua escolha. Ou proponha outras.

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