Delator da Odebrecht diz que Eduardo fechou acordo no Palácio

Antônio Assis
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Homem da Odebrecht no Nordeste, João Pacífico disse ter reuniões frequentes com Eduardo Campos dentro do Palácio do Campo das Princesas
Foto: Acervo JC Imagem

JC Online

Além de água para abastecer a Região Metropolitana do Recife, a Adutora de Pirapama teria servido também como fonte de propina, segundo delações dos ex-executivos da Odebrecht João Antônio Pacífico e Carlos Angeiras à força-tarefa da Lava Jato. Segundo Angeiras, R$ 5 milhões teriam sido pagos a Eduardo Campos, tendo como intermediário o empresário Aldo Guedes, sócio do então governador.
De acordo com Angeiras, os pedidos de propina começaram logo após o início da obra de Pirapama, nos primeiros meses de 2008, na sede da Copergás, empresa pública estadual que Aldo presidiu. À Lava Jato, o delator listou pelo menos seis ligações nas quais conversou com Aldo através do telefone da Copergás.
Prédios públicos do governo de Pernambuco não pareciam serem empecilhos para os negócios da Odebrecht. Em um dos anexos da petição sobre Pirapama encaminhada por Édson Fachin à Justiça Federal de Pernambuco, João Pacífico relata que seus contatos com Eduardo Campos eram sempre presenciais, no Palácio do Campo das Princesas, onde entrava com o próprio carro.

Foi em um desses encontros no Palácio que Pacífico diz ter tratado com o então governador sobre a licitação de Pirapama e pedido que o consórcio formado pela Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS tivesse preferência para a realização das obras.
“Como consequência desse entendimento, em outra reunião no Palácio, o governador convocou o então presidente da Compesa, João Bosco de Almeida, e, na minha presença, comunicou a ele que o consórcio CQG/CNO/OAS deveria ter preferência para vencer a licitação, o que, na minha opinião, subentendia claramente o propósito de viabilizar o direcionamento da licitação”, conta Pacífico.

'ACORDO DE MERCADO'

A partir daí, segundo o delator, desenhou-se um acordo de mercado que terminou com a vitória do consórcio formado pela Odebrecht. A petição descreve ainda que Eduardo e Guedes teriam recebido os valores entre os anos de 2007 e 2012. Eles representariam 3% do valor do contrato para a Odebrecht. Os dois delatores disseram suspeitar que outras empresas envolvidas no consórcio de Pirapama também pagavam cotas para evitar que atos de ofício pudessem dificultar a execução do contrato.
João Bosco de Almeida foi procurado por telefone pelo JC às 23h desta quarta-feira (12), mas não atendeu.

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