Caminhada em Itambé pede punição aos PMs que mataram jovem

Antônio Assis
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Sebastiana Alves, mãe de Edvaldo Alves, jovem assassinado pela PM em Itambé
Foto: Edy Silva/ Cortesia

Tatiana Notaro, Hecton Torres
Folha de Pernambuco

Um ato público realizado neste sábado (13) em Itambé, município da Mata Norte do Estado, pediu justiça e punição aos policiais militares envolvidos na morte do jovem Edvaldo da Silva Alves, de 21 anos. Ele foi baleado por um tiro de bala de borracha disparado por um PM durante uma manifestação por segurança no município, e morreu no último dia 11 de abril.

A caminhada partiu da praça Maria Josefa Andrade e passou pela casa onde Edvaldo vivia, em solidariedade à mãe dele, Sebastiana Alves, e terminou na Praça Mário Pimentel. "Ela não teve condições de acompanhar. Não é brincadeira perder um filho", comentou o professor José Maria Júnior, morador da cidade que também participou do ato.

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Segundo o advogado da família do rapaz, Ronaldo Jordão, o capitão e o policial que aparecem em um vídeo que mostra o momento em que Edvaldo foi baleado teriam sido afastados por "questões psicológicas". Ainda segundo Jordão, em depoimento, os PMs teriam afirmado que não receberam qualquer treinamento para utilizar os tipos de arma e munição (de borracha). "Só por isso, eles já deveriam estar presos".

Segundo informações repassadas à reportagem pelo advogado, nenhum envolvido foi punido pelo Governo do Estado e, inclusive, que outros dois policias presentes no momento do disparo "estão trabalhando normalmente". Na análise dele, os PMs devem ser acusados de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem chances de defesa para a vítima.

Sobre o andamento do processo judicial, Ronaldo Jordão declarou que ainda não foi iniciado, pois "não existem laudos técnicos sobre a causa da morte" de Edvaldo. “Oito perícias foram feitas e ninguém chegou a uma conclusão”, comentou o advogado, que não descarta a possibilidade do exumação.

Indenizações
Jordão afirmou que, juntamente com a família de Edvaldo, foi acordado que parte da indenização pela morte do rapaz será utilizada para beneficiar a cidade de Itambé, em torno de R$ 100 mil. "Vamos comprar equipamentos para a banda de música Pedra Preta e, em troca, pedimos que a sala onde ficarão essas doações receba o nome de Edvaldo", comentou o advogado. O hospital da cidade também deve receber doações. "A parte da família será mantida em sigilo", acrescentou.

Segurança
Moradores de Itambé relatam que a situação de insegurança continua. "A manifestação que o rapaz estava participando era justamente por esse motivo. Depois do caso, houve um aumento do policiamento, mas não foi algo efetivo. Domingo passado eu vi motos da Rocan por aqui, mas não as vi mais. Agora a noite estava acontecendo assaltos na BR aqui perto, a mão armada", disse o morador Antonio Paiva, dono do cartório da cidade.

Segundo informações, Itambé conta com três policiais militares, responsáveis também pela guarda da cadeia local, pela condução de presos (para audiências, por exemplo) e pela segurança de quatro distritos que somam em torno de 36 mil habitantes. "Este ano, estavam assaltando até crianças a caminho da escola, pela manhã", relatou Paiva.

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