No Recife, projeto pretende ensinar matemática através da literatura

Antônio Assis
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A professora Irene Carla Vaz Gomes aposta nos livros paradidáticos para estimular a interpretação de texto
Foto: Diego Nigro/ JC Imagem

JC Online

E se, em vez de números, alunos pudessem aprender matemática através da literatura e das artes cênicas? Esta é a ideia por trás do projeto Matemática em Cena, criado pela professora Irene Carla Vaz Gomes, da Escola Estadual Professor Motta e Albuquerque, no Recife, e incubado na plataforma SomosProfessores.org. O objetivo é arrecadar em 65 dias, através de financiamento coletivo, os R$ 1.781,18 necessários para a compra de livros e outros materiais, que beneficiarão 200 estudantes do 6º ano do ensino fundamental.

A iniciativa nasceu do entendimento de que a dificuldade dos alunos com a matemática se dá pela falta de interpretação de texto. “Queria quebrar a ideia de que a disciplina é feita apenas de números e operações. O texto também tem um papel muito importante”, defende a professora de matemática.

Esta é a primeira vez que a metodologia é usada em sala de aula. Os alunos terão 30 dias para ler o livro escolhido por Irene e responder a um questionário. Em um segundo momento, eles serão divididos em dois grupos: um será responsável pela elaboração de uma peça teatral a partir da narrativa, enquanto o outro, pela produção de um curta-metragem.

A obra escolhida é o livro paradidático Aritmética da Emília, de Monteiro Lobato. “Quando tive a ideia, pesquisei muitos livros que poderiam ajudar. Este tem uma ênfase muito grande na matemática, com linguagem mais acessível”, justifica a professora. 
Serão necessárias duas fantasias – uma de Emília e outra de Visconde de Sabugosa – para as encenações, além de 50 exemplares da obra, que ficarão disponíveis na biblioteca da instituição após o trabalho. Para ajudar, basta acessar somosprofessores.org e clicar no projeto. Até as 18h de ontem, apenas R$ 40 haviam sido arrecadados.

ONG

Apesar de conhecer o trabalho da ONG, esta é a primeira vez que Irene utiliza a plataforma, fundada em março de 2015 por um grupo de profissionais de várias áreas. Desde sua criação, 25 projetos elaborados por professores de escolas públicas foram incubados. Desses, 22 conseguiram financiamento e três esperam contribuições de voluntários.

“Vimos que o trabalho do professor precisava ser mais valorizado pela sociedade. Muitas vezes, eles tinham ideias, mas acabavam abandonando ou realizando do próprio bolso. Através da plataforma, podemos alcançar toda a cidade, fazer com que a sociedade participe da educação”, explica a diretora-executiva da ONG, Luiza Dantas.

As doações nunca são repassadas em dinheiro. Através de crowdfunding, os materiais necessários para a realização dos projetos são comprados e entregues aos professores.

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