Em dúvida sobre Temer, tucanos brigam entre si

Antônio Assis
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Josias de Souza

O PSDB discute há 55 dias a hipótese de desligar o governo de Michel Temer da tomada. A distância entre a ameaça e sua concretização vinha impondo ao debate uma certa ponderabilidade humorística. Mas a coisa evoluiu do cômico para o trágico. Ainda em dúvida quanto à conveniência de quebrar o pau com o governo, os tucanos resolveram brigar entre si.

Atraídos por um convite de Geraldo Alckmin, tucanos de fina plumagem reuniram-seem São Paulo na noite desta segunda-feira. Bicaram-se por quatro horas. E nada. Um pedaço do ninho quer transformar Temer em ex-presidente. Mas outra ala prefere continuar abrigada nos ministérios. A fricção faz com que o tucanato preserve a velha aparência de grupo de amigos 100% feito de inimigos.

Junto com as penas, voam os planos do PSDB para o futuro. A legenda ainda cultiva a ilusão de comparecer à disputa presidencial de 2018 com um nome competitivo. Mas todas as suas opções —Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra— têm mais destaque nos inquéritos da Lava Jato do que nas pesquisas eleitorais.

Nos processos judiciais, a trinca tucana coleciona acusações variadas. Nas sondagem de intenção de voto, Aécio, Alckmin e Serra ostentam índices que os transformam em sub-bolsonaros. O tucanato corre o risco de oferecer ao eleitorado algo próximo de nada —ou o prefeito João Doria, que Fernando Henrique Cardoso suspeita ser a mesma coisa.

Estavam todos presentes à reunião de São Paulo. Empurraram para agosto a decisão sobre Aécio, que acumula as posições de presidente licenciado do PSDB e protagonista de nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Protelaram também a decisão sobre Temer. Simultaneamente, liberaram a bancada da Câmara para votar como bem entender a denúncia que acusa Temer de corrupção. Como se os deputados precisassem de autorização para ignorar a cúpula partidária.

Anfitrião caprichoso, Alckmin mandou servir aos visitantes uma refeição sui generis: PIZZA! Repetindo: terminou em pizza a reunião em que os grão-duques do tucanato demonstraram que, por ora, não estão preparados para brigar senão consigo mesmos.

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