Livro mostra mudanças do Recife a partir da fotografia

Antônio Assis
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Foto: Ivan Granville
Carol Botelho

Folha de Pernambuco

Quem é adepto do Facebook e gosta de visitar o passado provavelmente já se deliciou com as imagens da página "Recife de Antigamente", criada por Wilton Carvalho. É dele o trabalho de pesquisa incansável de sair por aí, em busca de álbuns de anônimos, para resgatar fotografias de uma capital pernambucana de outros tempos nem tão distantes, mas que expõem um cenário quase irreconhecível, tamanha a transformação urbanística.

Foi graças a essa página da rede social que o historiador e gastrônomo Frederico Toscano resgatou também fotógrafos que se dedicavam a resguardar a memória imagética e histórica do Recife. 

Assim, Toscano conheceu o fotógrafo amador - mas nem por isso menos grandioso - Ivan Granville, sobre cujos registros se debruçou para organizar o livro "O terceiro homem - A fotografia e o Recife de Ivan Granville" (editora Cepe, 250 páginas, R$ 100), que será lançado hoje, às 19h, na Galeria Arte Plural, no Bairro do Recife, e conta com prefácio da também historiadora Fabiana Bruce, considerada a maior especialista em história da fotografia em Pernambuco.

"O terceiro homem", um enquadramento entre fachadas e descendo uma rampa, é talvez a foto mais conhecida de Granville, e Fabiana a descreve "como uma vertigem", como se o ser humano estivesse atordoado diante da paisagem que muda tão rápido à sua volta e que ele não mais reconhece. "Poderia ser uma metáfora do homem moderno", diz.

Composta por 238 fotografias em preto e branco, as imagens mostram o Recife de 1930 a 1970, das lavadeiras, feiras livres, lojas populares, cinemas de rua, avenidas sendo abertas, prédios subindo... 

Tudo isso foi registrado da melhor maneira possível: ele se deleitava perambulando e fotografando o que via, nas horas em que não estava trabalhando como contador da usina de cana-de-açúcar da família. 

Sim, a condição econômica privilegiada possibilitou que Granville pudesse ser um bom fotógrafo amador, autodidata, pois era dono de um bom equipamento: uma Leica.
"Ele fazia o que as pessoas estão voltando a fazer atualmente. Vejo muita gente marcando de se encontrar para tirar foto pelas ruas", diz Toscano. 

Após décadas esquecido, já que Granville não era um profissional e guardava as fotos para si, Toscano conseguiu recolher sua obra graças à feliz coincidência de conhecer sua neta, Daniella, que lhe cedeu o material de pesquisa. 

"Apesar de amador, ele se comportava como um profissional, frequentava fotocineclubes e cedia fotos para exposições pelo país. Encontramos material até 1965. Pode ser que haja mais", avisa o historiador.

SERVIÇO
Lançamento do livro "O terceiro homem - A fotografia e o Recife de Ivan Granville", organizado por Frederico Toscano
Quando: Hoje, às 19h
Onde: Arte Plural Galeria (Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Informações: (81) 3424-4431

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