UTI neonatal do Hospital das Clínicas é investigada

Antônio Assis
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Hospital das Clínicas
Foto: Leo Motta

Folha de Pernambuco

O Conselho Regional de Medicina (Cremepe) abriu uma sindicância para apurar a superlotação do setor de neonatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE), além de supostos casos de infecção hospitalar contraída por cinco recém-nascidos. A apuração surgiu com base na denúncia feita por uma médica da unidade de saúde, que indicou a presença de até 25 pacientes num espaço onde só dez podem ser atendidos.

O Cremepe deve enviar uma equipe de fiscalização hoje ao local. A direção do HC confirmou que o ambiente está recebendo mais gente do que a capacidade, mas negou que os casos de infecção tenham relação com o problema.

Segundo o HC, há sobrecarga de pacientes que procuram assistência de saúde e são encaminhados pela Central de Regulação Leitos da Secretaria Estadual de Saúde, "apesar de o HC, insistentemente, solicitar ao respectivo órgão estadual a suspensão temporária da internação de pacientes até a regularização da situação", disse a instituição em nota.

"A superlotação não é um fato novo. É algo que afeta toda a rede materno-infantil", explica o diretor do hospital, Frederico Jorge Ribeiro. "E, quanto à infecção, posso dizer que não temos casos decorrentes de superlotação. São cinco bebês que tiveram uma enterocolite [inflamação no intestino]", completa. Um dos pacientes morreu. Os casos também são apurados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da unidade.

Para o segundo secretário do Cremepe, Sílvio Rodrigues, porém, a quantidade de atendimentos acima da capacidade é uma predisposição para o surgimento desse tipo de quadro. "Quando você tem um número excessivo de recém-nascidos, você tem que trabalhar com os leitos mais próximos entre si e com uma relação de pacientes por técnico de enfermagem muito maior, o que aumenta os riscos. 

Teremos que ir à unidade para avaliar", afirma, confirmando a situação precária em outras unidades. "O Barão de Lucena, o Cisam, o Imip, o Agamenon Magalhães, todas as UTIs neonatais do Estado trabalham com, no mínimo, mais de 50% de sua capacidade. Fechar uma delas é sobrecarregar ainda mais as outras", finaliza.

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