Inocêncio, que foi da Arena ao PL, deixa a vida pública

Antônio Assis
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PE247- O deputado Inocêncio Oliveira (PR) anunciou nesta segunda-feira (16), que pretende abandonar a política. O anúncio foi feito ao governador Eduardo Campos (PSB) na sede provisória do Governo de Pernambuco, no Centro de Convenções, em Olinda. Inocêncio é considerado um dos deputados mais longevos da Casa, tendo exercido nove mandatos consecutivos como deputado federal. Ao longo de sua trajetória política, Inocêncio integrou a extinta Arena, que deu suporte ao Governo Militar, passando pelo PFL (hoje DEM) até chegar ao PL. Agora o parlamentar pretende apoiar o deputado estadual Sebastião Oliveira (PR), que vem a ser o sobrinho, para a sucessão estadual nas eleições de 2014.

Inocêncio Gomes de Oliveira tem 75 anos e nasceu no município sertanejo de Serra Talhada, em Pernambuco. Formou-se em medicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e exerceu a profissão até 1974, onde chegou a cirurgião-chefe do Hospital Agamenon Magalhães, em Recife. Iniciou a vida política em 1975, filiando-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), onde permaneceu até se filiar ao PDS, que sucedeu a ARENA após a ditadura militar. Em 1985, já durante o processo de redemocratização do país, o parlamentar filiou-se ao PFL, hoje DEM, onde permaneceu durante a maior parte de sua carreira política. Entre 1993 e 1994, Inocêncio assumiu a presidência da república em diversas ocasiões como substituto constitucional, após o afastamento de Fernando Collor da Presidência da República.

Inocêncio possui também o recorde de ter passado por todos os cargos da Casa. O deputado já foi presidente, vice-presidente, 2º vice-presidente, 1º secretário e 2º secretário da Câmara dos Deputados. Também fez parte das Comissões Permanentes de Agricultura e Política Rural; Constituição e Justiça; Interior; Polígono das Secas; Seguridade Social e Família; Saúde e Trabalho, Administração e Serviço Público. Inocêncio também participou de diversas Comissões especiais, da Assembleia Nacional Constituinte e do Congresso Nacional.

Durante a vida política, Inocêncio foi o centro de diversos escândalos políticos e sociais. Em 2006, o deputado foi condenado pelo uso de trabalho escravo na fazenda Caraíbas, que possuía no Maranhão, onde cerca de 50 trabalhadores foram encontradas em situação análoga à escravidão.  Inocêncio também foi acusado de usar equipamentos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), à seca, para perfurar poços artesianos em terras de sua propriedade no Sertão pernambucano. Ainda esse ano, Inocêncio foi acusado de obter vantagens financeiras com um dos principais projetos governo da presidente  Dilma Rousseff (PT), o "Minha Casa, Minha Vida", ao negociar terrenos próprios com sobrepreço de até 1.600% maior que o valor real de mercado.

O patrimônio de Inocêncio foi avaliado em 2010 em cerca de R$ 7 milhões de reais. Após o fim do mandato, em 2014, o deputado pretende sair da vida política e já informou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que não pretende concorrer à reeleição.

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